quarta-feira, 8 de julho de 2009

Não adianta


Não posso lhe dizer quanto falta. Nem é tanto tempo assim.

Sei que você sente e a minha falta, muito mais agora. Muito mais agora... Mas sei também que se eu estivesse aí você não diria o quanto estaria precisando de mim. Você é engraçada... mas vejo que já cresceu um pouquinho. É verdade que não diria, mas se chegaria mansamente como quem pede carinho.

Hoje você chegaria mansamente, traria uma flor ou um bolo, um presente qualquer, e eu entenderia o tamanho da sua pequenez e faria algo em relação a essa dor, essa febre, essas tempestades que vão e vêm. Eu entenderia tudo e talvez até passasse as mãos nos seus cabelos se você ficasse quietinha. Mas é certo que nada faria com que eu voltasse ao passado e tornasse a ser a mulher vigorosa que fui... e era dela que você precisava agora.
Antes de nos despedirmos eu já não era mais a mãe que você precisava que eu fosse hoje. Você não tem saudade de quem eu estava sendo; sente saudade, imensa saudade, de quem eu era há muito tempo atrás. Eu era toda vida e boa vontade. Eu transbordava como uma fonte, eu era mãe antes mesmo de sê-lo e o fui plenamente por todo o tempo que os aninhei.

Sabe, eu também sentia a mesma saudade de mim, como se fora de outra pessoa. Quando parti, parti de mim mesma.

Você não tem mais mãe, nem na terra nem no céu. Quando você chegar seremos irmãs. Talvez duas estrelas gêmeas. Será surpresa - não posso dizer mais nada!