quarta-feira, 30 de julho de 2014

Cócegas

Me incomoda ver você aí,  imobilizada nessa foto, tranquila e de pernas cruzadas eternamente, calmamente, rindo como se zombasse de mim e da minha saudade. Cara, você tá rindo de mim, mãe! Rindo de mim, das minhas pieguices e curiosidades com relação ao além.

Agora que você já tem todas as respostas eu devo mesmo parecer muito engraçada mesmo...

Seu riso hoje parece tão maroto, tão moleque, tão humorado! E eu aqui, me sentindo igualzinho como quando eu era criança. Lembra?  Lembra quando eu chorava batendo o pé por alguma manha insignificante e você não levava a sério? Aí me fazia cócegas, dançava e cantava  "toda menina que enjoa da boneca é sinal que o amor já chegou no coração." Eu ficava furiosa! rsrsrs   Anos mais tarde achei meigo e ria comigo mesma dessas brincadeiras.

Hoje estou como criança de novo: amuada. E você aí na foto, rindo e zoando de mim toda enigmática.

Santo Agostinho

"A morte não é nada.
Apenanas passei para o outro mundo.
Eu sou eu. Tu és tu.
O que fomos um para o outro, ainda somos.
Dá-me o nome que sempre me deste.
Fala-me como sempre me falaste.
Não mudes o tom a triste ou solene.
Continues a rir do que ríamos juntos.
Reza, sorri, pensa em mim, reza comigo.
Que meu nome se pronuncie em casa como sempre se pronunciou.
Sem nenhum exagero, sem rosto de sombra.
A vida continua significando o que significou.
Continua sendo o que era.
O cordão da união não se quebrou.
Por que eu estaria fora do teu pensamento, apenas porque estou fora de tua vista?
Não estou longe, somente estou do outro lado do caminho.
Seca tuas lágrimas e, se me amas, não chores mais."


Santo Agostinho